Áudio Transcrito

Tony 
Meu nome é Tony Hewerton, sou artista da cena e da dança, sou da Bahia, mas moro aqui no Rio já há uns vinte anos e trabalho com Alan já há quase dez anos na Companhia Rec, viajando pelo Brasil e pelo exterior e agora a gente decide firmar uma parceria e construir Cordeiros, ele na direção e ambos na cena. 
 
Alan 
Cordeiros, a partir do meu olhar, é uma peça coreográfica de lembranças, de memórias e de tentativas, inspirações de várias movimentações do hip hop, sobre festas populares e sobre movimentos de massa, movimentos de grupos, torcidas de futebol, comemorações de show de rock, ou de um show de rap. 
 
Tony 
O nome Cordeiro vem do Carnaval de Salvador, eles são aquelas pessoas que puxam as cordas, que separam as pessoas que não tem dinheiro para pagar um abadá, das pessoas que compram abadá e recebem toda estrutura e segurança da festa. Mas no contexto da peça, o cordeiro é o Carnaval, é aquele que puxa a corda como instrumento de trabalho e de folia, o cordeiro é a religião, o cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo e o cordeiro é o bicho, que é o filho da ovelha e do carneiro. É uma palavra no plural, assim como são nossas memórias de antes e de agora, dos brasis que desenham nossos movimentos. 
 
Alan 
A partir daí, a peça começa a entrar em estalinhos, começa a entrar em ritmo de terreiro, a gente tem as influências das baianas, a gente tem a influência do Bumba-Meu-Boi, que também é uma influência muito forte da Folia de Reis, das brincadeiras de corda, do varrer o chão no quintal para preparar para a festa, isso é um clássico, um dos clássicos, aquela poeira subindo e as pessoas jogando água no chão. Então, juntando tudo isso e com muito trabalho e muito carinho, é um trabalho, se não o mais pessoal, um dos mais pessoais mesmo, que eu já fiz, a gente já tem uma estrada aí de mais de 10 anos de carreira na dança. Esse é o Cordeiros que a gente pretende apresentar pra vocês. Obrigado.